A velha-nova ordem social; ensaios para o passado que se faz presente.

Texto e montagens por Maria Inês Maia

Os que mudam, os que somem, os que são mortos a tiro
são logo substituídos.
Onde haja terreno vago onde ainda não se ergueu
um caixotão de cimento esguio (mas se vai erguer)
surgem trapos e panelas, surge fumaça de lenha
em jantar improvisado.
Urbaniza-se? Remove-se?
Extingue-se a pau e fogo?
Que fazer com tanta gente brotando do chão, formigas
de formigueiro infinito?
Ensinar-lhes paciência, conformidade, renúncia?
Cadastrá-los e fichá-los para fins eleitorais?
Prometer-lhes a sonhada, mirífica, rósea fortuna
distribuição (oh!) de renda?
Deixar tudo como está para ver como é que fica?
Em seminários, simpósios, comissões, congressos, cúpulas
de alta prosopopeia elaborar a perfeita e divina solução?

Carlos Drummond de Andrade “Crônica das Favelas Nacionais”, Jornal do Brasil, 6-10-79 

 A busca por arquétipos e processos violentos, a inquietação de compreender as relações sociais com o espaço físico já estabelecido, no arruar do dia a dia e os pontos que cercam a concepção e desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro no campo da Arquitetura e Urbanismo foram as motivações que me levaram a essa escrita.

Este também é um exercício sobre mutação e a preservação de certas práticas que se modernizaram junto com a cidade e seus modos de viver. 

Os ensaios imagéticos a seguir, buscam entender as práticas colonizadoras do território, instituídas no processo de colonização, e a reverberação nas atuais relações que nos cercam ao vivenciarmos seu território ardil. 

 Nos espaços públicos, normalmente gerados pelo Estado, são utilizados ou transformados em locais onde se pode afirmar o controle, transformando o citadino numa espécie de peão, posto em um tabuleiro de dominação, superfície confusa e hostil, assentada sobre desigualdades e exploração, cercada entre muros e grades. 

Dominação que, de tão perpetuada e enraizada, vivenciamos e naturalizamos. É preciso interpretar os códigos que dominam e assolam as diversas escalas da paisagem urbana, como se fosse necessário um manual de sobrevivência – como escapar? 

Estabelecendo a cidade como espaço já desenvolvido, vemos, através da arquitetura, mecanismos físicos como hábitos defensivos, direcionados contra sua própria população. Com isso, o inventário da cidade, marcada por processos de expansão e evolução, consolida seus dispositivos por meio de atos e marcos de punição e controle nos espaços públicos.

 Operando através do conceito especulativo, poético-fabulativo, utilizando da composição de imagens, estabeleço uma espécie de aproximação entre acontecimentos que se apresentam no passado e insistem em se reapresentar no presente como processos violentos e de tragédias que se mantém como padrões inconclusos sobre corpos específicos. 

 A série de imagens, misturadas entre históricas e contemporâneas deram origem a escrita dedicada a cada ensaio, que tem por finalidade estabelecer, entre os temas, uma convergência de padrões entre passado e presente, possibilitando expandir um novo olhar para detalhes, não só, arquitetônicos de processos violentos. Assim, conduzo não apenas à compreensão das antigas, mas das novas formas de desigualdade, dominação e exploração humanas, apresentadas por mecanismos arquitetônicos/ urbanísticos de design. 

O foco é perceber como esses elementos formais da cidade possibilitam uma discussão a respeito de um modo hegemônico hierárquico de se viver, permitindo ainda a reflexão sobre o discurso histórico brasileiro e a relação entre passado e presente em um cenário realista, não só durante crises democráticas. 

Negres a fond de calle

BRT no Rio lotado durante a pandemia

SUPERVIA NEGREIRA

o céu virou madeira
ao invés de pássaros, pés
em trânsito, no subsolo
lá debaixo, há sede há fome
lhes falta ar, espaço
lhes falta ser.
amontoados num destino diaspórico deixaram mais um pelo caminho corpo ao mar
corpo ao mar


agora a travessia é outra
do Ramal de Japeri ao sul da poça. ainda de pé, o caixão não é mais de madeira. homem, mulher e criança.
o ar, além de escasso, é toxico milhões ainda morrem pelo caminho sem direitos, em trânsito
no trânsito.
ô motorista vai saltar!!
. . .

O choque que aproxima as imagens nos faz ver, a partir do conceito de necropolítica, como ainda perduram violências sobre corpos que habitam e já habitaram essa cidade.

A dupla de imagens, misturadas entre históricas e contemporâneas, foi organizado a fim de tensionar a aproximação de seus elementos para identificar uma possível reaproximação das imagens através do racismo territorial e sua violência dada na ausência de direitos.

O Estado tem como combustível a necropolítica, descrita através de conflito armado ou de crise humanitária, aplicada contra uma parcela objetiva da população.

Cabe, para imagens com séculos de diferença, uma analogia deste porte? Existem semelhanças e frestas para comparações entre a rede de transporte público carioca e a diáspora africana no Brasil? É possível afirmar a presença de uma necropolítica no transporte público do Rio de Janeiro?

Ao comparar as imagens, dentro de tantas outras demagogias e violações de direito que ainda fazem parte do itinerário carioca, vejamos a característica de maior evidência: a superlotação. Em ambos modelos de transporte a intenção de caber o maior número possível de pessoas ainda se faz presente. Enquanto, em navios negreiros, condições mínimas eram impostas às populações escravizadas consideradas mercadoria, hoje, num estado democrático de direito, o modelo de transporte, agora por terra, segue um padrão de acúmulo, ainda desumano, durante seu percurso.

Na análise das imagens, torna-se explícita a crueldade imposta, a partir do século XVII, às populações escravizadas nativas da África. Analisando, em proporcionalidade, notamos que em cada imagem é demonstrada a forma de violência com corpos que são considerados força de trabalho.

O Brasil do século XXI se mistura com o do século XVI.

Une Dame d’ une Fortune Ordinaire dans son Intérieur au Milieu de ses Habitudes Journalières

Edifício Senzala

A SENZALA MODERNA É O QUARTINHO DA EMPREGADA1

134 anos da abolição
foi inaugurado os caminhos para a perpetuação da opressão


caminho de pedra
carregados pelas mesmas costas

no final do caminho
peça licença, entre pelos fundos e se acomode do lado da cozinha.


Longe das vistas 
Mentalidade classista 
Ranço escravagista

Da nova senzala
fez se o quarto de empregada.


...

Senzala, porão, edícula, quartinho – a dependência do serviço sofreu mutações junto com a história da casa, burguesa, brasileira. Entrando pela porta dos fundos, esse cômodo escondido, negligenciado, pequeno, mal ventilado, para além das condições precárias, carrega marcas. 

O que explica a segregação, espacial e social do “quartinho de empregada”?

Em uma sociedade escravocrata, para qualquer engenho e sua casa grande, havia porões e senzalas que mantinham essa estrutura em funcionamento admitindo a senzala como um espaço doméstico. 

Com a substituição das casas grandes para o ambiente urbano, a então senzala ganha um novo nome; edícula. Posta nos fundos do terreno, é um espaço normalmente dedicado a abrigar trabalhadores domésticos, dando continuidade à perpetuação da lógica escravocrata servil na sociedade brasileira.

Dado o início do processo de verticalização e adensamento das cidades, e a insistência de um pensamento colonial na hierarquia social pautada na servidão, as edículas migraram para os novos edifícios que incluíram a dependência de empregados espremidos junto a ambientes serviçais, historicamente marginalizados com acesso distinto do social, acompanhando a mesma setorização burguesa (social, íntimo e serviço).

Seguindo os hábitos de cunho colonial no país, colocaram a empregada doméstica contemporânea, assumidamente como um personagem relacionado ao universo feminino, atrelada ao papel de ajudante do lar. Anteriormente submetidas à força, permanecem tendo seus corpos   entregues à violência do sistema, amas de leite se tornaram babás, ainda precisando deixar seus próprios filhos – um mecanismo empregada, peça fundamental da lógica familiar de classes altas, vital para o funcionamento da casa.

O “quartinho” herdou as características dos antigos ambientes domésticos, permanecendo um ambiente excluído, anexado à área de serviço, junto à cozinha, normalmente                   sem janelas para o exterior.

Agora vejamos, se, mesmo com as mudanças de tipologia, distribuição de planta e dinâmicas da casa os espaços dedicados a servidores domésticos, os “quartinhos de empregada” perduraram ativos e readaptáveis por séculos – o que fez com que esse espaço entrasse em desuso dentro da arquitetura residencial? 

Com a lógica industrial ampliando o acesso a eletrodomésticos e desenvolvimento de novas tecnologias na área doméstica/residencial, juntamente com a evolução dos direitos trabalhistas2, que estabeleceu direitos e deveres entre empregador/empregado, regularizando, enfim, o trabalho doméstico. 

O que não exclui, nem diminui a lógica do “quartinho”. 

Com a terceirização de serviços, juntamente com os aumentos de custo de vida, os impactos da pandemia e a valorização dos serviços do profissional doméstico, diminuiu o número de empregados por residência. 

Mesmo com mudanças, as tipologias residenciais no decorrer dos séculos ainda fazem referência a sua herança colonial, o trabalhador doméstico ainda não se libertou da marginalização. Se antes eram denominados como escravos e habitavam a senzala, a edícula ou o “quartinho” dos fundos, hoje eles ocupam esses mesmos espaços quando aplicadas na escala da cidade, normalmente distantes de seus empregadores, em bairros periféricos, com falta de acessos, enfrentando o sucateamento como via de deslocamento de serviço para serviço. 

Cabe à arquitetura, então, sair do papel de reprodutor das relações serviçais conectadas por hábitos e costumes de poder e abusos, para ocupar o lugar de questionadores. 

Punishing negroes at Cathabouco

Foto de Cleidenilson ensanguentado e amarrodo a um poste

DIÁRIO DA CHICOTADA SOLTA

Prende-os a mesma corrente
Férrea, lúgubre serpente
Da chibata,
Germinou o pé na porta
Faz loucas espirais 
Se no chão resvala
O chicote estala
Verdade violentada 
Força sacrificadora
Mal cheiro e desengano
Cada cassetete é um chicote para um tronco
Numa chuva de fumaça só vinagre mata sede
Novas embalagens para antigos interesses.³

Formas de opressão se modernizam, são modificadas, mas não deixam de existir. O chicote que açoitava se transformou em cassetete, e cada poste é um potencial pelourinho.

O pelourinho “era uma coluna de pedra ou madeira, picota, a prumo, posta em alguma praça principal da vila ou cidade, à qual se atava pela cintura o preso que se expunha à vergonha, ou era açoitado; tinha argola, onde se podia enforcar e dar tratos de polé.” (GARCIA, 1956, p. 97).

Pensado através dos equipamentos urbanos da cidade que vêm protagonizando cenas de exclusão, violência e barbárie, a utilização de forças militares que encontraram, na repressão, o controle da população e suas camadas mais carentes, está presente, desde a origem da história nacional, em que anteriormente senhores de escravos inventaram verdadeiras arqueologias de castigos, desde a chibatada até a palmatória.

Entendemos apenas com um olhar ao passado que o presente tem na sua própria história aspectos que precisam ser levados em consideração. A prática da violência cotidiana a partir da presença colonizadora no país, exemplificado em diversas formas ao longo do texto, é apontada como a principal característica ao longo dos séculos; porém, notamos que as formas de escravidão também sofreram modificações.

Aqui aponto a utilização da tortura, em espaço público, implantada no Brasil pela relação de dominação de senhores sobre seus escravos, com o intuito de controlar, através da opressão, os cativos perante a sociedade.

Aqui aponto a utilização da tortura, em espaço público, implantada no Brasil pela relação de dominação de senhores sobre seus escravos, com o intuito de controlar, através da opressão, os cativos perante a sociedade.

Sendo assim, a violação de direitos humanos, a opressão, a violência e a censura fazem parte da tradição histórica dos oprimidos, uma regra e não uma exceção de fato, o que faz com que o chicote se transforme em cassete na contemporaneidade, fazendo com que as dores vivenciadas no processo escravocrata brasileiro se mantenham vivas e pungentes em nossos tempos.

Fatias temporais coexistem e dialogam constantemente. Vejamos o caso de um adolescente preso ao poste no Aterro do Flamengo, espancado com uma facada na orelha. A cena remete a um pelourinho de dois séculos atrás.

Olhar o passado é mirar também o presente. Ao observar objetos que através das ruínas do tempo foram transpassados, podemos encontrar e até mesmo retomar o fio da narrativa. Não existe linearidade quando tratamos das dores históricas.

“O BRASIL TEM UM ENORME PASSADO PELA FRENTE”

— Millôr Fernandes

Celebração da vitória de Lula no Centro do Rio

ESCAPISMOS – A violência não encerra (Entendimentos momentâneos)

A partir da breve análise feita ao longo do texto, permite-se afirmar que, no Brasil, a temática da violência imprimida em corpos selecionados permeia a concepção da atual cidade, forjada em um modelo colonial pautado na rígida hierarquização social e necessidade constante de reafirmação desta ordem. Nesse sentido, o extenso período escravocrata vivido em nosso país representou, evidentemente, um esforço de lógica autoritária presente nas relações urbanas e sociais, que determina até hoje a reprodução de arquiteturas, tanto na escala da casa quanto na da cidade.

Em ambientes hostis, muros se convertem em fronteiras, e empreendimentos tentam minar resistências sociais por meio de constantes exclusões. O projeto de urbanização, e seus dispositivos opressores, surgem através das mãos projetistas que favorecem o colapso da cidade. Em menor escala, no habitar, vimos que o usufruto de ambientes confortáveis e seguros são coadjuvantes na cidade, atingido por poucos. A urbanização e suas constantes reformas não alcançam todas as individualidades, e, na maioria dos casos, nem almejam tal princípio; reforçando partidos que atendem minorias capitalizadas e interesses que atendem a especulação imobiliária e estatísticas.

Como resultado, podemos refletir e observar que a distribuição da violência não acontece de forma linear e uniforme. Nos ensaios apresentados, é impactante a similaridade das personagens que ocupam os cenários do passado e do presente, deixando claro que a mesma lógica sempre se renova. Conforme o adensamento das cidades e as diversas revoluções ocorridas nesse processo, vemos como a dominação presente na maneira de pensar relações culminam nos espaços físicos de opressão.

Para encerrar, é preciso afirmar que a violência não encerra a história do indígena, do negro, da doméstica e de tantos outros. As resistências continuam se reforçando.

Referências:

ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2002.

BENJAMIN, Walter. Experiência e pobreza. In: Benjamin, Walter. Obras escolhidas, v. 1. 3. ed. São Paulo: Brasiliense: 1987, p. 114-119. 

CASTRO, Mariana. Militarização e necropolítica da fronteira: As respostas do Brasil à crescente migração venezuelana. Mural Internacional, Rio de Janeiro, vol. 11, 2020, p. 1-15. 

DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1991. Que és un dispositivo? In: BALIBAR, Etinenne; DREYFUS, Hubert ; DELEUZE, Gilles et al. Michel Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa, 1999. p. 155- 163. 

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 48. ed. rev. São Paulo: Global, 2003. 

HARVEY, David. Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana. São Paulo: Martins Fontes, 2014. 

JACOBS, Jane – Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2003 

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: N-1 edições, 2018. 

SILVA, T. D.; SANTOS, M. R;.A abolição e a manutenção das injustiças: a luta dos negros na primeira república brasileira. Cadernos Imbondeiro, João Pessoa, v.2, n.1,2012. 

SILVA, Rafael Freitas da. O Rio Antes Do Rio. Rio de Janeiro: O Relicário, 2019. 

SOUZA, Jessé. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017. 

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Sobre o autoritarismo brasileiro. . São Paulo: Companhia das Letras. . Acesso em: 14 jun. 2022. , 2019

Créditos das imagens:

Imagem 01 – “Negres a fond de calle” (“Navio negreiro”) de Johann Moritz Rugendas.(1830)

Imagem 02 – BRT no Rio lotado durante a pandemia; Foto de Yan Marcelo/ Arquivo pessoal

Imagem 03 –  Une Dame d’ une Fortune Ordinaire dans son Intérieur au Milieu de ses Habitudes Journalières, Jean- Baptiste, Voyage pittoresque et historique au Brésil, São Paulo 1816-1831

Imagem 04 – Edifício Senzala – Foto: Suitemaster quarto de empregada

Imagem 05 – Augutus Earle, Punishing negroes at Cathabouco (i.e. Calabouco) Rio de Janeiro (1822)

Imagem 06 – Foto de Cleidenilson ensanguentado e amarro a um poste repercutiu em todo país – Foto: Biné Morais/O Estado 

Imagem 07 – Celebração da vitória de Lula no Centro do Rio — Foto: Marcos Serra Lima/g1

1 Título retirado do livro; Eu, empregada doméstica: a senzala moderna é o quartinho da empregada. Autora: Preta Rara. 

2 Direitos trabalhistas foram regulamentados apenas em 2015 com a sanção da “PEC das Domésticas”.  Em 2013 foi aprovada a Proposta de Emenda à Constituição n.º 478, de 2010 (mais conhecida como “PEC das Domésticas”). Entre os direitos concedidos ao trabalhador doméstico está o pagamento de hora extra e o dever de registrar empregadas que trabalham por três dias ou mais em uma mesma residência. A lei que regulamentou a emenda constitucional foi sancionada em 2015, acrescentando ainda o direito a adicional Noturno. 

3 Adaptação da música Esquiva da Esgrima de Criolo  “a tradição dos oprimidos nos ensina que o ‘estado de exceção’ em que vivemos é, na verdade a regra geral” (BENJAMIN, 2012, p. 245)

Sobre a autora:

Maria Inês Maia é Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Santa Úrsula (2022) e atualmente mestranda em design pelo PPDESDI da Uerj.

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